Maranhão “exporta” mais de 40% do trabalho escravo local
Suriname e Guiana Francesa são alguns dos países que mantêm trabalhadores maranhenses em regime de escravidão
Barracas de lona, doenças contagiosas, falta de saneamento básico e alimentação precária. São a essas condições que, de acordo com pesquisas realizadas pela Comissão Pastoral da Terra, mais de 25 mil pessoas são obrigadas a se submeter em busca de boas oportunidades de trabalho. Pensando nisso, a lei que cria o Dia Nacional e a Semana Nacional de Combate ao Trabalho Escravo, sancionada na última quinta, 29, institui o dia 28 de janeiro como data comemorativa à luta contra o problema.
De acordo com a professora do Departamento de Comunicação Social da Universidade Federal do Maranhão, Flávia Moura, a criação do Dia Nacional de Combate ao Trabalho Escravo ajuda a fortalecer a atuação dos movimentos sociais, mas não consegue, ainda, punir os criminosos. “A solução para o problema está na reforma agrária e isso afeta diretamente a economia do país e a classe ruralista aos quais os latifundiários pertencem, dificultando a punição correta para os criminosos”, defende.
Em estudos realizados pelo grupo de pesquisa de Flávia, foi constatado que mais de 40% dos trabalhadores que vivem em regime de escravidão no Maranhão são induzidos a se submeterem a condições subumanas em outros estados e até mesmo em outros países. “Além de ser líder no ranking de trabalho escravo no Brasil, o Maranhão atua também como exportador internacional nesse mercado ilegal, obrigando agricultores maranhenses a trabalharem com mineração em Suriname e na Guiana Francesa”, afirma a professora.
Aliciados por latifundiários, os trabalhadores chegam às fazendas e passam a viver uma espécie de escravidão por dívida, já que suas famílias recebem “adiantamentos” e garantia de transporte gratuito até o local do trabalho. No Maranhão, as regiões em que o problema predomina abrangem o centro e a região sul do estado, prevalecendo em carvoarias e fazendas de gado.
“O trabalho escravo é consequência da exclusão social, da falta de políticas públicas para os que vivem em situação de miséria e desemprego no país. Muitos desses trabalhadores reincidem e retornam à escravidão mesmo após serem liberados, são os chamados ‘escravos da precisão’”, conlui Flávia Moura.
Lugar: UFMA/ASCOM
Fonte: Andréa Barros/ASCOM/UFMA
quinta-feira, 5 de novembro de 2009
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